HERMES

terça-feira, 28 de outubro de 2008

HERMES

Quando Apolo ainda era pastor, seu irmãozinho Hermes lhe pregou uma peça e
tanto. Aproveitando-se do descuido de Apolo, que sonhava em vez de vigiar o rebanho,
roubou-lhe as ovelhas.

Apolo estava longe de desconfiar que aquele menino, o qual imaginava ainda ser
de colo, fosse capaz de enganá-lo. Mas era ele mesmo que conduzia agora o rebanho
pelas planícies e vales até o denso bosque de Pilo. Ali deixou as ovelhas descansando,
escondidas numa gruta. Depois voltou para junto da sua mãe Maia, com um sorriso
malicioso nos lábios.

Apolo acabou encontrando a pista do rebanho. O vôo dos pássaros, que ele sabia
interpretar, o ajudou a descobrir o esconderijo. Seus dons de adivinho lhe revelaram o
autor do roubo:

"Menino feio", ralhou com o irmão, "você tem sorte de ainda usar fraldas. Senão,
eu teria lhe dado uma boa sova!"

Mas a raiva de Apolo se aplacou quando ele ouviu os sons melodiosos que o
menino tirava de um instrumento desconhecido. Todo contente, Hermes lhe deu o
instrumento:

"É para você. É uma lira que acabei de inventar. Beliscando as cordas presas a
cada extremidade desta carapaça de tartaruga, você vai obter os sons cristalinos que
acompanharão seus cantos." Esquecendo os motivos do seu mau humor, Apolo até
propôs a Hermes trocar o rebanho pelo instrumento. O negócio selou a reconciliação
entre os dois irmãos.

Por sua malícia e engenhosidade, Hermes demonstrava uma precocidade excepcional.
Sempre curioso, o jovem deus não se limitou a esse achado. Teve a idéia de prender um
ao outro caniços de comprimentos diferentes para confeccionar um instrumento. Levou-o
aos lábios e soprou delicadamente em cada orifício. Foi assim que inventou a flauta.

Apolo ficou encantado com essa nova invenção e quis logo adquiri-la. Em troca,
ofereceu ao irmãozinho o cajado de ouro que usava para pastorear. Esse cajado virou o
caduceu, símbolo de Hermes.

Feliz com a habilidade que ele manifestava em todas as ocasiões, seu pai, o poderoso
Zeus, fez dele seu mensageiro. Hermes passava a maior parte do tempo correndo o
mundo; para isso, usava sandálias aladas, que lhe permitiam mover-se mais
rapidamente. Suas viagens às vezes o levavam muito longe, até o reino subterrâneo,
aonde acompanhava os defuntos.

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