OS AMORES DE ZEUS

terça-feira, 28 de outubro de 2008

OS AMORES DE ZEUS

O rei dos deuses não se dedicava apenas a desgraçar os homens. Também procurava
fazer as mortais felizes, sobretudo aquelas que lhe agradavam... e foram muitas.

Embora fosse casado com a deusa Hera, Zeus teve inúmeras aventuras amorosas.
Sua legítima esposa era ciumentíssima e não gostava nem um pouco das escapulidas do
marido. Quando vinha a saber que ele tinha ido visitar uma mortal, ficava louca de
raiva. Sua cólera só se aplacava quando ela se vingava da mortal ou dos filhos que essa
mulher tivera com o deus. Hera estava sempre de olho em Zeus, que fazia de tudo para
escapar à sua vigilância.

Zeus gostava de assumir a aparência de algum bicho a fim de evitar a desconfiança
de suas bonitas vítimas. Usou dessa artimanha para se aproximar da bela Leda. A jovem
acabara de se casar com Tíndaro, rei da Lacedemônia. Zeus se transformou em cisne
e, fingindo-se perseguido por uma águia, refugiou-se junto da jovem rainha, que o
acolheu em seus braços. Aproveitando-se dessa terna proteção, ele se uniu a ela e lhe
deixou dois ovos de tamanho incomum. De um nasceram dois gêmeos, Castor e Pólux;
do outro, duas irmãs, Clitemnestra e Helena. Essa união permaneceu secreta, e
Tíndaro acreditou que tinha dado quatro filhos à sua jovem esposa.

Os filhos nascidos das uniões passageiras de Zeus com as mortais tiveram um
destino bem particular. Alguns conquistaram grande poder, como Minos, que se tornou
um dos três juizes do Inferno.

A mãe de Minos era humana e se chamava Europa. Zeus tinha visto a moça quando
ela jogava bola com as amigas à beira-mar. Impressionado com a delicadeza da sua
silhueta e com a pureza de seus traços, não resistiu ao desejo de conhecê-la melhor.
Não longe dali, pastavam touros novos. Ele se misturou ao rebanho na forma de um
touro ainda mais bonito que os outros, notável por sua brancura e pelo vigor dos
músculos.

Europa ficou encantada com o esplendor do animal e a ternura do seu olhar. Sem
medo do tamanho do touro, ela se aproximou dele, acariciou-o demoradamente e,
confiante, montou nele. Nesse momento, o deus a raptou diante dos olhares impotentes das
outras moças e a carregou pelos ares, acima do mar. O casal desapareceu no
horizonte. Conta-se que Zeus levou Europa a Creta, onde ela deu à luz Minos.

Quando estava na terra, Zeus nunca se mostrava em sua forma divina. Somente
uma vez desobedeceu a essa regra.

Tinha seduzido Sêmele, filha de Cadmo, rei de Tebas. A jovem mulher só se
encontrava com ele à noite, portanto não conhecia a fisionomia do amante. Ela sabia
que Zeus era um deus porque ele lhe sussurrara isso mais de uma vez. Hera, morrendo
de ciúme ao ver o divino esposo apaixonado por uma mortal novamente, armou uma
cilada para a rival.

Foi ter com Sêmele, sob a aparência de uma velhinha:

"Minha filha, peça-lhe como prova de amor que ele se mostre tal como é nos céus
ao lado da esposa. Assim, você terá certeza de não ter sido enganada por um impostor."

Essas palavras fizeram a dúvida surgir no coração da jovem. Ela quis ver o amante e
pediu que ele lhe fizesse um favor, mas não disse qual era. O deus aquiesceu, e quando
soube do que se tratava, era tarde demais: dera sua palavra. Tentou então desencorajar a
moça. Em vão. Quanto mais procurava dissuadi-la, mais ela insistia.

Obrigado a cumprir o que prometera, ele se revelou em toda a sua potência,
resplandecendo em relâmpagos. Ora, nem os olhos nem o corpo de uma mortal eram
capazes de suportar o brilho daquela luz tão viva, e a infeliz nem teve tempo de entender
isso: pereceu imediatamente, fulminada.

Acontece que Sêmele estava no sexto mês de gravidez, e Zeus se apressou a salvar o
filho que ela trazia no ventre. Para dar continuidade à gestação, o deus abriu, na própria
coxa, uma bolsa e nela colocou a criança. Depois, fechou-a com grampos de ouro. Quando
o tempo fixado pelo destino chegou a seu termo, Zeus deu à luz Dioniso. Embora nascido
de uma mãe mortal, o menino, por causa do pai, era imortal.

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